Boogarins comemora dez anos de estrada revisitando a própria trajetória e repaginando clássicos da música brasileira
Na hora da morte, momentos antes de a luz se esvair do corpo, dizem que a consciência do quase-defunto produz uma espécie de filme com os principais momentos vividos. Proféticos como se tivessem vindo do futuro, os Boogarins mostraram, no Circo Voador, que merecem beliscar um tempo de tela da última sessão.
Protagonista de um show de abertura que merecia ser atração principal, a banda nascida em Goiás comemorou, na Lona, dez anos do lançamento do álbum As Plantas que Curam. O repertório, claro, acompanhou a celebração. Canções raramente tocadas, como Hoje Aprendi de Verdade e Erre, estiveram presentes ao lado das já clássicas Foi Mal e Invenção.
Foto: Renan Prado
Foto: Renan Prado
As apresentações ao vivo ocupam um papel central na trajetória dos Boogarins. É na troca com o público, nas experimentações em cima do palco e na exploração de possibilidades que só aparecem fora do estúdio que o trabalho da banda se desenvolve. Não à toa, boa parte da discografia foi gravada nesse formato.
E é pela íntima relação com a dinâmica do ao vivo que a banda desenvolveu uma rara capacidade de manipular a percepção de tempo e espaço da plateia. Sessenta minutos podem passar como se fossem apenas quinze. Ou cada segundo pode se dilatar, multiplicar sua própria massa e fazer com que uma hora dure 6000 dias.
Foto: Renan Prado
Foto: Renan Prado

Foto: Renan Prado
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Embora o show realizado no Circo tenha sido a comemoração de dez anos de lançamento do primeiro álbum dos Boogarins, em 2013, um dos momentos mais marcantes da apresentação está relacionado a um disco lançado 41 anos antes de As Plantas que Curam. Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e Nada Será como Antes, que integram o lendário álbum Clube da Esquina, de 1972, ganharam contornos psicodélicos e hipnotizaram os sortudos que escolheram o Circo Voador como destino naquele sábado.

Foto: Renan Prado
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